Rap dá o tom ao aniversário.
Iano Andrade/CB/D.A Press
Esquadrão chegou ao Festival
com uma claque de 50 pessoas

Leilane Menezes:
A história de um morador de Samambaia desesperado por um emprego. A dor de amor de um presidiário separado da namorada. A importância da educação para o futuro das crianças. Os temas das canções escolhidas pelos jurados para participar do festival Rap Popular Brasileiro (RPB), da Central Única das Favelas (Cufa), são variados e refletem as histórias de vida dos artistas selecionados. Na tarde de ontem, São Sebastião foi palco da disputa entre 20 grupos de rap do Distrito Federal por uma vaga na etapa final do concurso, que ocorre no próximo mês, no Rio de Janeiro. Cada um teve dez minutos para mostrar o que sabe fazer. O evento faz parte da comemoração dos 16 anos da região administrativa. Os Mc’s, individualmente ou em grupos, concorrem a R$ 5 mil e à oportunidade de se apresentar no maior festival desse estilo musical no Brasil, o Hutuz (RJ). A Cufa estuda a possibilidade de gravar um CD com o vencedor. Artistas de várias cidades do DF deixaram sua marca na disptua. O Esquadrão do Rap veio de Novo Gama e trouxe torcida de 50 pessoas, em um ônibus alugado, para ajudá-lo a defender a composição Por trás das grades, de autoria coletiva. O Diga How, formado por Magú e John, levou para o RPB a canção Sementes do amanhã, sobre educação infantil. Houve quem preferisse fazer a performance sozinho, como Fidalgo - Herdeiro do rap, de Sobradinho 2, com a música Que cabuloso, que fala da importância do rap para os jovens da periferia. Stilo, morador do Varjão Stilo, foi o primeiro a subir ao palco e surpreendeu jurados e organizadores do evento com a música Saudade. “Me escreve uma carta, por favor, amor. Somos como o sol e a lua sem se encostar. Mas o eclipse ainda há de acontecer”, diz a letra da balada romântica. Há um mês Stilo, que carrega na certidão de nascimento o nome Reinaldo da Cruz, deixou o Complexo Penitenciário da Papuda, onde estava preso por roubo, há dois anos. “Todo mundo achou que ele (Stilo) ia cantar um rap pesado. Mas ele fez justamente o contrário. E se encaixou perfeitamente na ideia do festival: trazer um rap diferenciado, que fala sobre temas muito além da violência. A intenção é quebrar os preconceitos”, explica o coordenador da Cufa, Max Maciel. A diversidade também pesou na hora de definir os jurados. O maestro Rênio Quintas prometeu levar em consideração a teoria musical. O poeta e cantor de rap GOG, nascido em Sobradinho, analisou o comportamento no palco. O terceiro do júri, André Noblat, músico de rock, privilegiou a melodia das canções. Hoje, às 15h, no estacionamento do Caic de São Sebastião, a Cufa vai anunciar os quatro finalistas do evento. Amanhã, o nome do ganhador será publicado no site da organização http://www.cufadf.org.br/.
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