sexta-feira, 5 de junho de 2009

Batalhas e Rimas


DOS DUELOS DE VERSOS AS BATALHAS DE RIMAS: UM COSTUME PASSADO DE GERAÇÃO PARA GERAÇÃO
Dentre as diversas interfaces culturais africanas, elementos relacionados à música negra são os objetos do presente projeto, já que não podemos negar que o “canto é umas das principais expressões musicais das sociedades da África Ocidental, região de onde vieram a maioria dos negros escravizados para trabalhar no Novo Mundo” (CHASE, 1957, apud. ROSA, 2006, p12).
Entre diversas manifestações musicais de origem ou influência negra, o rap é uma das mais atuais. Sendo hoje encontrado artistas desse segmento de todas as etnias e classes sociais no mundo todo – inclusive em países aonde o percentual de afrodescendentes chega a próximo de zero –, hoje é possível para quem está transitando com seu automóvel pelas ruas de Berlim ou Tókio, sintonizar o rádio e ouvir rap na língua oficial local, de autoria de artistas naturais destas mesmas cidades e países.
O Rap, Rhythm and poetry (em português ritmo e poesia) é um estilo musical originado do canto falado da África ocidental, adaptado à música jamaicana da década de 1950 e influenciado pela cultura negra dos guetos americanos no período pós-guerra (SILVA, 1999).
Aquele que faz rap pode ser chamado de rapper ou mc, dependendo se ele está ou não fundado nos princípios do hip-hop. O mc pode ser visto como um griot1 moderno, já que os griots originais africanos, mesmo com a diáspora2, não deixaram de difundir histórias e estórias através da oralidade. Através da explicação de Lima (2005), citando também outros autores, poderemos compreender melhor:
Os rappers muitas vezes são vistos como griots modernos, através de uma tradição oral griot que teria tido continuidade na diáspora e marcado a experiência cultural dos afroamericanos não apenas nos EUA, mas em diferentes regiões como o Caribe e o Brasil. Os populares repentes do nordeste brasileiro são freqüentemente associados ao rap, pois como a escravidão deixou marcas mais profundas no nordeste brasileiro, é provável que o repente nordestino tenha origens africanas. Como aborda Silva (1998), no plano musical, a tradição oral na diáspora tem sido tomada como relevante para a compreensão do desenvolvimento do rap, pois as experiências desenvolvidas por afro-descendentes na Jamaica são apontadas como decisivas para sua constituição. E assim esse estilo musical, segundo Andrade (1996) ficou conhecido como uma invenção dos DJs jamaicanos mas se desenvolveu nos Estados Unidos (LIMA, 2005, p13)

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